CONHEÇA OS TIPOS DE ULTRASSONOGRAFIA
Prof. Dr. Luiz Antônio Bailão

A ultrassonografia, também conhecida como ecografia ou, simplesmente, ultrassom, é um método de diagnóstico por imagem que utiliza ondas sonoras para obtenção de cortes anatômicos (tomografia por ultrassons) em Medicina, Medicina Veterinária, Biologia, etc. São vários os tipos de ultrassonografia utilizados na prática médica, dependendo do tipo de transdutor empregado ou do tipo de exame realizado.

Tipos de Transdutores
– Tipos de transdutores disponíveis e seus aplicativos, como por exemplo:

Transdutor curvo (convexo), destinado aos exames dos órgãos internos (fígado, vesícula biliar, rins, feto, útero, ovários, coração, etc.).

Transdutor linear, destinado aos exames dos órgãos externos e superficiais (tireoide, mamas, testículos, músculos e tendões, pele, etc.).

Transdutor endocavitário, destinado aos exames dos órgãos internos, utilizando as vias naturais do organismo (esôfago, vagina e reto), ou as vias artificiais durante as cirurgias abertas ou fechadas (cirurgia hepática, neurocirurgia, endoscopia, etc.)

Transdutor setorial, destinado a facilitar o exame de alguns órgãos internos (cardiologia, neurologia, etc.).

Transdutores especiais, utiliza os transdutores acima com tecnologia adicional (volumétrica, matricial, etc.), para obtenção de imagens especiais (3D/4D, biplanares, etc.).

Doppler, aplicativo disponível em todos os transdutores, utilizado para medir a velocidade do sangue, com aplicação extensa na medicina (Cardiologia, Obstetrícia, Vascular, Hepatologia, Nefrologia, etc.).

Elastografia, aplicativo para avaliação da elasticidade dos tecidos (mama, fígado, etc.).

Imagem panorâmica, aplicativo para obtenção de planos anatômicos amplos, maiores do que o campo básico de visão do transdutor (plano total da mama, total do útero grávido, total da parede abdominal, etc.).

Ultrassonografia contrastada, aplicativo utilizado para avaliação da perfusão dos tecidos (coração, fígado, tumores, etc.), através do emprego de contrastes por via sanguínea (microbolhas de gás).

Tipos de Exames
– Quanto aos tipos de exames, utilizados no diagnóstico médico, listados pela Associação Médica Brasileira e seus departamentos de especialidades médicas, podemos citar, em ordem alfabética:

Abdome superior

Tem como objetivo avaliar as doenças dos seguintes órgãos, estruturas e locais: fígado, vesícula biliar e vias biliares, pâncreas, rins e adrenais, baço, grandes vasos, cavidade peritoneal e retroperitônio do abdome superior e seios costofrênicos.

Abdome total

Tem como objetivo avaliar as doenças dos seguintes órgãos, estruturas e locais: fígado, vesícula biliar e vias biliares, pâncreas, rins e adrenais, baço, grandes vasos, cavidade peritoneal e retroperitônio, seios costofrênicos, tubo digestivo, cavidade pélvica e bexiga.

Articulações

Tem como objetivo avaliar as doenças articulares: ombro, cotovelo, punho, quadril, joelho e tornozelo.

Bolsas testiculares

Tem como objetivo avaliar as doenças dos testículos, dos epidídimos, dos cordões espermáticos, da parede das bolsas testiculares e das cavidades testiculares.

Cervical (pescoço)

Tem como objetivo avaliar as doenças das glândulas cervicais (tireoide, paratireoides e glândulas submandibulares), dos linfonodos e dos demais tecidos cervicais.

Ecocardiografia

Tem como objetivo avaliar as doenças anatômicas e funcionais do coração (paredes, valvas e cavidades), dos vasos relacionados e adjacentes ao coração (artéria aorta, artéria pulmonar, veias cavas e veias pulmonares) e do espaço adjacente ao coração.

Ecocardiografia fetal

Tem como objetivo avaliar as doenças anatômicas e funcionais do coração fetal (paredes, valvas e cavidades), dos vasos relacionados e adjacentes ao coração (artéria aorta, artéria pulmonar, veias cavas e veias pulmonares) e do espaço adjacente ao coração.

Glândulas salivares

Tem como objetivo avaliar as doenças das glândulas salivares, notadamente as parótidas e submandibulares, e, excepcionalmente, as sublinguais.

Mamas

Tem como objetivo avaliar as doenças das glândulas mamárias, dos linfonodos relacionados a elas, dos cavos axilares e da epiderme mamária.

Morfológico fetal

Existem dois tipos de exames morfológicos fetais:

– Do primeiro trimestre, realizado entre 12 e 14 semanas, preferencialmente mais próximo de 14 semanas. Tem como objetivo avaliar a anatomia e a fisiologia fetal (diagnóstico precoce de malformações), os marcadores de anomalias cromossômicas (translucência nucal, osso nasal, etc.), os fluxos sanguíneos fetais (ducto venoso, valva tricúspide e artérias umbilicais), os anexos fetais (cordão umbilical, saco amniótico e placenta), e realizar o rastreamento de risco para parto prematuro, para perda gestacional e para doença hipertensiva materna (colo uterino e artérias uterinas).

– Do segundo trimestre, realizado entre 20 e 24 semanas, preferencialmente mais próximo de 24 semanas. Tem como objetivo avaliar detalhadamente a anatomia e a fisiologia fetal, para o diagnóstico das malformações. Também avalia o crescimento fetal e os anexos fetais (cordão umbilical, saco amniótico e placenta) e realiza o rastreamento de risco para restrição do crescimento fetal, para parto prematuro, para doença hipertensiva materna e para perda gestacional (fluxos sanguíneos fetais e uterinos, colo uterino e placentação).

Nervos periféricos

Tem como objetivo localizar os nervos periféricos (guiar agulhas para bloqueio anestésico) e avaliar as doenças desses nervos, com ampla aplicação em Ortopedia, Traumatologia, Neurologia, etc.

Obstétrico

Realizado nos três trimestres da gravidez. Tem como objetivo datar a gravidez, aferir o crescimento fetal, avaliar os aspectos básicos da anatomia e da fisiologia fetal e avaliar os anexos fetais (cordão umbilical, saco amniótico e placenta).

No primeiro trimestre, é importante para datar a gravidez e para diagnosticar os casos de aborto, de gravidez ectópica, de doença trofoblástica gestacional e para diagnóstico ginecológico e pélvico.

Nos outros dois trimestres, é importante para o diagnóstico das malformações maiores, para detectar os desvios do crescimento fetal (pequeno ou grande para a idade gestacional), para avaliar a vitalidade fetal e para avaliar as alterações dos anexos fetais (cordão umbilical, saco amniótico e placenta).

Obstétrico com Doppler

Realizado no final do segundo trimestre e durante o terceiro trimestre, entre 26 e 42 semanas. É importante para o diagnóstico das malformações maiores, para detectar os desvios do crescimento fetal (pequeno ou grande para a idade gestacional), para avaliar a vitalidade fetal e para avaliar as alterações dos anexos fetais (cordão umbilical, saco amniótico e placenta). O estudo Doppler tem como objetivo avaliar a perfusão sanguínea placentária, a perfusão cerebral e, eventualmente de outros órgãos fetais, com a finalidade de detectar algumas alterações fetais (desnutrição, hipóxia, anemia e outras).

Oftalmológico

Tem como objetivo avaliar das doenças do globo ocular (câmara anterior, câmara posterior, cristalino, retina, coroide, nervo óptico, parede ocular, etc.), da cavidade orbitária, dos anexos oculares e da parede orbitária.

Ortopédico

Tem como objetivo avaliar as articulações, os músculos, os tendões e as partes moles do sistema locomotor. Apresenta extensa aplicação na Ortopedia, na Medicina Esportiva, na Reumatologia e etc.

Parede abdominal

Tem como objetivo avaliar os tecidos que compõem a parede abdominal, para o diagnóstico das doenças primárias e secundárias desse local.

Pele

Tem como objetivo avaliar inúmeras doenças primárias e secundárias da pele (epiderme, derme, tecido subcutâneo e anexos) com aplicações em várias especialidades médicas.

Pélvica via abdominal

Tem como objetivo avaliar as doenças dos órgãos internos do aparelho genital feminino (vagina, útero, tubas uterinas, ovários e ligamentos), bem como as doenças dos órgãos adjacentes (uretra, bexiga, ureter inferior, intestino, cavidade pélvica, etc.).

Prostática

Tem como objetivo avaliar as doenças dos órgãos internos do aparelho genital masculino (próstata, vesículas seminais e ampolas dos deferentes), bem como as doenças dos órgãos adjacentes (uretra, bexiga, ureter inferior, etc.).

Tireoide

Tem como objetivo avaliar as doenças da tireoide e dos tecidos adjacentes à glândula, notadamente os linfonodos.

Transesofágica

Existem dois tipos básicos de exame transesofágico:

– Sistema cardiovascular: avalia as doenças do coração, dos grandes vasos e dos tecidos adjacentes.

– Sistema digestório: avalia as doenças das vísceras ocas alcançadas pelo transdutor (esôfago, estômago, duodeno, etc.), dos órgãos adjacentes (notadamente o pâncreas, a vesícula biliar e o ducto biliar comum) e dos demais tecidos adjacentes.

Transfontanelar

Tem como objetivo avaliar as doenças do cérebro e dos seus anexos, no recém-nascido e no primeiro ano de vida, ou enquanto as fontanelas estiverem abertas.

Transretal

Existem duas aplicações básicas do exame transretal:

– Sistema digestório: tem como objetivo avaliar as doenças do reto, do ânus, do diafragma pélvico e dos tecidos adjacentes.

– Sistema urinário e sistema reprodutor: tem como objetivo avaliar as doenças dos órgãos internos do aparelho genital masculino (próstata, vesículas seminais e ampolas dos deferentes), bem como as doenças dos órgãos adjacentes (uretra, bexiga, ureter inferior, etc.). Alternativamente, tem como objetivo avaliar as doenças dos órgãos internos do aparelho genital feminino.

Transvaginal

Tem como objetivo avaliar as doenças dos órgãos internos do aparelho genital feminino (vagina, útero, tubas uterinas, ovários e ligamentos), bem como as doenças dos órgãos adjacentes (uretra, bexiga, ureter inferior, intestino, cavidade pélvica, etc.).

Vascular

Tem como objetivo avaliar as doenças vasculares arteriais e venosas, com alcance aos vasos sanguíneos internos e externos.

Vias urinárias

Tem como objetivo avaliar as doenças do sistema urinário (masculino ou feminino), estudando os rins, as vias urinárias e os tecidos e órgãos adjacentes.

A ultrassonografia (ecografia ou ultrassom) é muito ampla em suas aplicações médicas. A lista acima é incompleta, e o campo de atuação da ecografia cresce continuamente. Além disso, o aprimoramento dos equipamentos é constante, acompanhando a evolução da eletrônica e da informática.

Finalmente, a ultrassonografia é um exame não invasivo e não cumulativo. Não causa danos aos tecidos e tampouco aos embriões. Não tem efeito radioativo e, por não acumular a energia, pode ser indicado repetidamente, quando necessário. É claro que as normas de segurança devem ser obedecidas: os exames devem ser realizados com indicação médica, o tempo de avaliação deve ser o menor possível e os padrões técnicos devem ser respeitados.

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